O combate à corrupção ganhou espaço no debate público nesta segunda-feira (25), durante a formação “Programa Educando Cidadãos: O que todos nós temos a ver com a corrupção?”, promovida pela Alesc. O evento buscou capacitar cidadãos a identificar práticas corruptas em diferentes esferas, aliando conhecimento e responsabilidade social.
Durante o evento, a Escola do Legislativo anunciou que essa é apenas a primeira de várias ações previstas para conscientizar e educar sobre o tema. Ao longo da programação, especialistas enfatizaram que o combate à corrupção começa com atitudes cotidianas e engajamento na esfera pública.
educar para prevenir: o foco do programa “educando cidadãos”
Lançado em 2004, o programa Educando Cidadãos, liderado por Affonso Ghizzo Neto, tem se destacado por integrar educação e combate à corrupção. Segundo o fundador, a raiz do problema muitas vezes está em comportamentos normalizados, como aceitar pequenos favores ou negligenciar regras. A abordagem educativa do programa procura estimular o pensamento crítico e a ética desde as primeiras fases da vida.

Dados da Transparência Internacional revelam que o Brasil ocupa as últimas posições no Índice de Percepção da Corrupção. Estudos apontam que países com maior investimento em educação têm menos incidência de práticas corruptas. A partir desse cenário, o programa reforça que a mudança social exige uma base sólida de integridade e consciência cívica.
impacto da corrupção na desigualdade social
Os reflexos da corrupção na desigualdade social foram amplamente discutidos. Para Affonso Ghizzo Neto, a corrupção drena recursos essenciais para políticas públicas, como saúde, educação e infraestrutura. Durante a palestra, ele apresentou um estudo da Universidade de São Paulo (USP), indicando que o desvio de recursos equivale a 2% do PIB brasileiro anualmente, afetando diretamente as populações mais vulneráveis.
Debatedores como Flávio Padaratz destacaram a importância de combater a naturalização do “jeitinho brasileiro”, que perpetua desigualdades. Segundo ele, práticas aparentemente inofensivas contribuem para um ciclo que compromete o desenvolvimento social e econômico do país.
- Estatísticas citadas durante o evento:
- 2% do PIB brasileiro é perdido anualmente em corrupção (USP).
- Países com melhores índices educacionais apresentam até 30% menos casos de corrupção (Transparência Internacional).
a contribuição do cidadão no combate à corrupção
Uma das mensagens centrais da formação foi a responsabilidade compartilhada no combate à corrupção. A mesa-redonda com Padaratz e Luciano Martins exemplificou como ações individuais, como denunciar irregularidades ou se informar sobre políticas públicas, podem influenciar o cenário maior.
Luciano Martins compartilhou experiências práticas, mostrando como a arte pode ser um canal de conscientização. Segundo ele, iniciativas criativas e culturais conseguem engajar diferentes públicos, especialmente jovens, em debates sobre ética e responsabilidade social.
formação continuada como ferramenta de transformação
A diretora da Escola do Legislativo, Marlene Fengler, anunciou que as ações da Alesc continuarão no próximo ano, com a criação de um curso mais aprofundado sobre o tema, com carga horária de 20 horas. A ideia é formar multiplicadores, capazes de levar o aprendizado para suas comunidades.
Oficinas práticas, como a liderada por Cíntia Andréa Dornelles Teixeira e Adelita Adiers, mostraram caminhos para tratar o tema da corrupção com diferentes públicos. Adelita relatou que envolver-se no programa foi natural, dado seu compromisso com valores como integridade e transparência.
ética no cotidiano: um passo decisivo
Combatendo a corrupção no cotidiano, pequenas mudanças podem gerar impacto significativo. Atitudes como recusar práticas ilícitas, questionar decisões administrativas e priorizar a transparência em ações pessoais ou profissionais demonstram que todos têm um papel a cumprir.
O evento trouxe à tona a relevância do controle social. Iniciativas como o Observatório Social do Brasil exemplificam como comunidades organizadas conseguem monitorar contas públicas e reduzir a corrupção local. Estudos sugerem que cidades com forte atuação de observatórios registram até 15% mais eficiência no uso de recursos públicos.