Quase R$ 1 bilhão. Essa foi a cifra despejada pelas seis maiores estatais federais em contratos de patrocínio durante o atual mandato de Lula (PT). Enquanto empresas como Correios, BNDES e Caixa Econômica Federal enfrentam rombos operacionais, as cifras bilionárias seguem irrigando shows, eventos culturais e campanhas de visibilidade de marcas públicas.

Petrobras, Banco do Brasil e Caixa concentram os maiores repasses, alavancando nomes de artistas alinhados ao governo. Uma escalada de valores que ignora a crise fiscal e exibe, com arrogância, a total desconexão das estatais com o bolso do contribuinte.
Gastos descontrolados com dinheiro público
De 2023 para 2024, os contratos de patrocínio assinados pelas seis maiores estatais saltaram de R$ 351,5 milhões para R$ 977,6 milhões, uma explosão superior a 250%. O avanço dos recursos não se limitou ao esporte olímpico, como justificaram representantes do governo. A maior parte da verba escorreu por áreas como cultura, festas regionais e eventos com viés político-ideológico.
O discurso do “apoio ao esporte de base” virou biombo para irrigar contratos com artistas simpatizantes do governo, festas juninas bancadas com dinheiro público e eventos que fortalecem palanques em bases eleitorais. A Caixa, sozinha, multiplicou por cinco o número de festas juninas patrocinadas.
Correios: prejuízo bilionário e patrocínio milionário
A estatal dos Correios virou símbolo do descompromisso com a gestão eficiente. Mesmo acumulando prejuízos e com planos de enxugar R$ 1,5 bilhão em despesas, a empresa saltou de R$ 3,5 milhões para R$ 33,8 milhões em patrocínios num ano. Em 2022, no fim do governo Bolsonaro, essa despesa era de apenas R$ 300 mil.
Enquanto carteiros relatam falta de estrutura e o serviço definha, a direção da empresa investe em contratos para dar visibilidade institucional. Seria essa a prioridade de uma empresa pública em crise?
Petrobras banca visibilidade com verba pública
A maior estatal do país destinou R$ 335 milhões a contratos de patrocínio em 2024. Um salto de R$ 50,5 milhões em relação ao ano anterior. A empresa alega critérios técnicos, mas omite os critérios de retorno. A matemática é cruel: a Petrobras despeja mais dinheiro em publicidade institucional do que em ciência, pesquisa ou segurança de plataformas.
Esses valores não incluem ações sociais nem apoio a projetos de impacto real nas comunidades. Trata-se de marketing puro com dinheiro dos brasileiros — dinheiro que deveria estar ajudando a reduzir combustíveis ou modernizar a produção.
Banco do Nordeste ignora limites regionais
Criado para fomentar o desenvolvimento da região mais pobre do país, o Banco do Nordeste passou a bancar eventos fora do território que deveria priorizar. Minas Gerais e Espírito Santo viraram alvos de patrocínios da instituição. A ampliação dos contratos, longe dos estados nordestinos, escancara o uso político do banco.
A Caixa, por sua vez, triplicou sua verba de patrocínios de 2021 para 2024, saindo de R$ 110 milhões para R$ 332 milhões. Artistas alinhados ao governo, em festas regionais, viraram beneficiários diretos.
Irresponsabilidade gerencial institucionalizada
O uso das estatais como ferramenta de marketing político e cultural exibe um traço autoritário do governo atual. O dinheiro público está sendo operado como verba de campanha — disfarçado de apoio à cultura. Enquanto isso, estatais seguem deficitárias, com serviços sucateados, sem entregar melhorias reais à população.
As páginas de transparência até registram os contratos, mas não oferecem métricas de retorno. O modelo atual transforma patrimônio público em moeda de troca política e cala vozes críticas com patrocínios convenientes.
- Gastos com patrocínios subiram de R$ 351 mi para R$ 977 mi em um ano
- Correios ampliaram verba de R$ 300 mil em 2022 para R$ 33,8 mi em 2024
- Petrobras destinou R$ 335 mi a patrocínios, excluindo responsabilidade social
- Caixa triplicou patrocínios e bancou 21 festas juninas em 2024
- Banco do Nordeste financiou eventos fora do território de atuação