Na Diretoria de Bem-Estar Animal (Dibea) de Florianópolis, quase 50 cães vivem a mesma espera todos os dias: a de uma família. Entre eles, 17 permanecem no abrigo há mais de cinco anos. O espaço, criado para abrigar temporariamente animais vítimas de maus-tratos, tornou-se o lar permanente de muitos deles, como Bart, que há sete anos repete a rotina de brincar, comer e aguardar uma chance.
As histórias desses cães revelam o impacto da baixa adoção de adultos e idosos, realidade que persiste mesmo diante das campanhas constantes da Prefeitura de Florianópolis. A Dibea reforça que cães adultos se adaptam mais rápido, exigem menos cuidados com o ambiente doméstico e costumam ser mais tranquilos que os filhotes — dados comprovados por estudos de comportamento animal realizados em abrigos públicos brasileiros.

Cães adultos e o desafio da adoção
O diretor de Bem-Estar Animal, Filipe Vieira, destaca que o preconceito contra cães adultos ainda impede muitos finais felizes. Ele lembra que Bart foi adotado filhote, mas devolvido por “brincar demais”. Desde então, cresceu sem conhecer outro lar. Já Eva, parte pitbull, foi abandonada durante um procedimento de castração em 2018 e, desde então, permanece à espera. Mesmo dócil e saudável, a mistura de raça e idade pesa contra suas chances.
Estudos do Instituto Pet Brasil apontam que mais de 60% das adoções concentram-se em filhotes, enquanto apenas 15% envolvem cães adultos. Especialistas em comportamento canino observam que adultos apresentam maior estabilidade emocional e menor índice de destrutividade, tornando-se ideais para famílias com rotinas urbanas.
O papel da Dibea e o valor do recomeço
O abrigo da Dibea acolhe hoje cerca de 200 animais. O local mantém programas de castração gratuita e campanhas mensais de adoção, disponíveis em dibea.floripa.sc.gov.br
