Uma história de inclusão ganhou forma em Palhoça (SC), quando Augusto Silva de Andrade, aluno da Escola Básica Professor Neri Brasiliano Martins, escreveu um livro com apoio de dois professores. A produção, intitulada “Corrida entre Amigos”, nasceu em sala de aula e destaca o valor da diversidade no ambiente escolar.
A obra surgiu das atividades de língua portuguesa, sob a orientação da professora Letícia Laurentino Naizer e do professor regente Nilton Rodrigues. Mais do que uma atividade didática, o projeto representa a importância de ouvir e valorizar cada aluno, inclusive aqueles com necessidades específicas.
Inclusão escolar em práticas concretas
A criação do livro revela como políticas educacionais inclusivas podem se transformar em experiências reais, com impacto direto na autoestima e no engajamento do aluno. Augusto, matriculado na Educação Especial, participou ativamente de cada etapa, da elaboração do enredo à escolha dos personagens. A história, ambientada numa corrida entre amigos com diferentes habilidades, transmite uma mensagem clara sobre respeito e cooperação.

Segundo diretrizes do MEC, adaptar o currículo às necessidades dos estudantes da Educação Especial implica muito mais do que apoio pedagógico. Trata-se de construir uma cultura escolar inclusiva, onde a diferença se torne elemento constitutivo da aprendizagem. O livro produzido por Augusto reforça essa abordagem ao tratar a inclusão como parte da rotina, e não como exceção.
Professores como mediadores da inclusão
O envolvimento dos professores foi decisivo para viabilizar o projeto. Letícia e Nilton atuaram como mediadores da aprendizagem, ajustando o conteúdo curricular para dar espaço à criação autoral de um estudante com necessidades educacionais específicas. A mediação docente, nesse contexto, não se restringe ao ensino de conteúdos, mas inclui o estímulo à expressão, à autoria e à participação.
Dados técnicos do Censo Escolar de 2023 apontam que cerca de 86% dos estudantes com deficiência no Brasil estão matriculados em classes comuns. No entanto, a presença física não garante a inclusão. Projetos como esse livro indicam que a formação continuada dos educadores e o uso de metodologias flexíveis se tornam indispensáveis para uma educação verdadeiramente inclusiva.
Educação como espaço de protagonismo
Transformar o aluno em autor de um livro amplia sua percepção de pertencimento. A produção de Augusto não apenas cumpre uma função educativa, como o insere como sujeito atuante no espaço escolar. Isso reforça o papel da escola como ambiente onde se reconhecem capacidades, potencialidades e trajetórias singulares.

A publicação do livro também provoca uma discussão mais ampla sobre representatividade nos materiais didáticos. Estudantes com deficiência raramente se veem refletidos nas histórias que leem. Quando essa lacuna é preenchida por uma produção feita por alguém do próprio grupo, o impacto vai além da sala de aula.
- Estudante da rede municipal escreve livro sobre inclusão
- Projeto teve apoio de professores da língua portuguesa
- Obra aborda respeito às diferenças entre colegas
- Experiência nasceu da Educação Especial em Palhoça
- Inclusão deixou de ser teoria para virar prática concreta