A perda de água por vazamentos invisíveis costuma passar despercebida pela população, mas compromete todo o sistema de abastecimento. A CASAN tem investido em tecnologias de ponta, como satélites israelenses e sensores com inteligência artificial, para enfrentar esse desafio com mais precisão.
A combinação de geofones avançados e sensores remotos tem permitido identificar problemas antes mesmo que apareçam na superfície. A estratégia já apresenta resultados concretos em cidades como Canoinhas e Chapecó, abrindo caminho para uma gestão hídrica mais eficiente em Santa Catarina.
Tecnologia 4Fluid Móvel reforça a detecção em campo
O município de Canoinhas foi o cenário da aplicação de uma metodologia inédita na estrutura da CASAN: a tecnologia 4Fluid Móvel. Essa solução funciona como uma varredura inteligente, guiada por inteligência artificial, que capta ruídos incomuns no subsolo por meio de geofones com hastes mecânicas.

Ao detectar sons com padrões que indicam fuga de água, o sistema sinaliza os pontos críticos para que técnicos especializados realizem a verificação final. A precisão do mapeamento depende diretamente da sensibilidade do equipamento e da capacidade analítica da IA que filtra os dados antes da etapa humana.
Durante dois meses, a operação resultou em quase 20 mil coletas de dados e identificou 86 vazamentos, boa parte deles em locais onde a água jamais atingiria a superfície. Essa ação pontual contribuiu para a economia de milhares de litros e serviu de base para possíveis expansões da iniciativa.
Satélites identificam água potável sob o solo
Em Chapecó, uma tecnologia com origem na exploração espacial tem dado nova dimensão ao combate aos vazamentos. Satélites de origem israelense, semelhantes aos usados em pesquisas sobre Marte, foram programados para detectar a condutividade elétrica da água potável.

Esses sensores conseguem diferenciar o que está no subsolo a partir da resposta elétrica do solo, apontando com grande acurácia onde a água tratada pode estar escapando sem deixar vestígios. O cruzamento desses dados com informações geográficas permite um mapeamento georreferenciado com alto grau de confiabilidade.
Apesar de apenas 12% da área contratada ter sido geofonada manualmente, o satélite localizou 17 vazamentos, sendo 15 deles invisíveis ao olho humano. Segundo o engenheiro Vicente Thome, a taxa de eficiência operacional superou em mais de dez vezes os índices obtidos com métodos tradicionais, representando uma mudança de patamar no controle de perdas.
Eficiência operacional e sustentabilidade aliadas
A adoção dessas tecnologias não visa apenas conter prejuízos financeiros, mas garantir a sustentabilidade do sistema de abastecimento. Dados da Organização das Nações Unidas mostram que quase 30% da água tratada no Brasil se perde antes de chegar às torneiras, muitas vezes por falhas não visíveis.
Ao antecipar essas falhas, a CASAN não apenas reduz perdas como otimiza o uso de recursos naturais e energéticos envolvidos no tratamento e transporte da água. O impacto vai além da manutenção da rede: reflete diretamente na confiabilidade do serviço oferecido à população.
Esse tipo de investimento reduz intervenções emergenciais, diminui os custos com recomposição de vias e evita desperdícios que comprometem a segurança hídrica em regiões vulneráveis. A decisão de manter ou expandir o uso das tecnologias será baseada na eficácia demonstrada nos testes-piloto.
Tecnologia e experiência técnica caminham juntas
Embora os sensores e algoritmos tenham papel fundamental no processo de identificação dos vazamentos, o papel do geofonador experiente permanece insubstituível. Após o alerta inicial da IA, cabe ao técnico interpretar as condições do local e confirmar a existência do problema.
Esse cruzamento entre tecnologia e atuação humana reforça a confiabilidade dos dados coletados. O sistema não substitui o conhecimento técnico, mas o potencializa, garantindo que as decisões sejam embasadas e os reparos, precisos.
Segundo a própria CASAN, as equipes recebem treinamento para operar os novos equipamentos e interpretar as informações geradas pelos sistemas. Isso amplia a capacidade de resposta e transforma o trabalho de campo em uma ação mais cirúrgica e menos dispendiosa.
Potencial de expansão em todo o estado
O projeto-piloto em Canoinhas e Chapecó está sendo usado como base para futuras decisões estratégicas. Se comprovada sua viabilidade econômica e técnica, a tendência é que a tecnologia seja aplicada em outras regiões do estado, especialmente onde o histórico de perdas é mais elevado.
A detecção antecipada de vazamentos ocultos representa um avanço no controle da rede de saneamento e contribui para a meta de redução de perdas não visíveis. O desafio agora é conciliar os custos de implementação com os ganhos de longo prazo em eficiência.
Os resultados já conquistados colocam a CASAN entre as empresas que lideram o uso de tecnologias emergentes no setor de saneamento básico. Combinando precisão tecnológica e expertise humana, o combate às perdas ocultas começa a mostrar um novo padrão de gestão hídrica.
- Satélites identificam vazamentos ocultos por condutividade elétrica
- Inteligência artificial orienta geofonadores no rastreamento em campo
- Tecnologia 4Fluid Móvel permite coleta de ruídos subterrâneos com alta precisão
- Mais de 19 mil coletas resultaram em 86 vazamentos detectados em Canoinhas
- Em Chapecó, 15 dos 17 vazamentos encontrados eram invisíveis à superfície
- Aumento de mais de 1000% na eficácia comparado a métodos convencionais
- Projeto-piloto serve como base para expansão em outras cidades de SC