Santa Catarina mostra fôlego no comércio exterior ao registrar crescimento de 7,6% nas exportações no primeiro trimestre de 2025. O desempenho positivo contrasta com o cenário nacional, onde o volume exportado caiu 0,5% no mesmo período.
Os números reforçam a relevância estratégica do estado na balança comercial brasileira, graças à diversidade de sua indústria e à eficiência logística dos portos catarinenses. Produtos de alto valor agregado e alimentos processados ampliam a presença do estado em mercados exigentes.
Exportações catarinenses ampliam competitividade
Com uma pauta exportadora baseada em qualidade e diversificação, Santa Catarina ampliou sua presença no mercado internacional mesmo diante de retrações nos principais parceiros comerciais. Entre janeiro e março de 2025, o valor exportado saltou de US$ 2,57 bilhões para US$ 2,78 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A agroindústria lidera o crescimento com destaque para carne suína e carne de frango, que aumentaram 19% e 15%, respectivamente. Sozinhos, os dois produtos representaram quase US$ 900 milhões em receitas externas. O desempenho revela o grau de confiança que mercados internacionais depositam na rastreabilidade, qualidade sanitária e regularidade da produção catarinense.
Na análise técnica, fatores como eficiência produtiva e alta densidade tecnológica em setores como alimentos processados e máquinas industriais explicam o desempenho. Segundo dados da FIESC, o estado apresenta produtividade industrial 38% superior à média nacional, o que potencializa a competitividade dos produtos locais frente a concorrentes globais.
Madeira, tabaco e equipamentos industriais se destacam
Além das carnes, produtos de madeira parcialmente trabalhada movimentaram US$ 127 milhões, com crescimento de 20%. O setor, que combina extração responsável e transformação industrial, reflete o peso do manejo florestal sustentável na economia catarinense.
As exportações de tabaco surpreendem com avanço de 154%, seguidas por carnes processadas (+81%) e farelo de soja (+42%). Esses números sinalizam uma consolidação de mercados que demandam produtos com maior valor agregado e diferenciação, como alimentos defumados e insumos para nutrição animal.
No campo industrial, o grupo de máquinas e equipamentos — incluindo centrífugas, bombas e compressores — apresentou crescimento de 18%, demonstrando como a engenharia catarinense tem alcançado mercados que exigem precisão e durabilidade. Materiais de construção de argila e refratários também entraram na lista de crescimento, subindo 16%.
Estados Unidos lideram compras, mas América do Sul ganha espaço
Embora Estados Unidos e China sigam no topo da lista de compradores, com US$ 399 milhões e US$ 248 milhões respectivamente, o trimestre trouxe um sinal de alerta: retrações de -4,2% e -2,9% nesses dois destinos.
A resposta veio com a diversificação geográfica: exportações para Argentina cresceram 34%, Japão e Uruguai subiram 21%, enquanto o Reino Unido avançou 16%. A América do Sul, com consumo aquecido e demanda por bens de consumo e insumos industriais, tornou-se um dos principais destinos alternativos dos produtos catarinenses.
Na prática, a estrutura diversificada da produção catarinense permite atender simultaneamente demandas por alimentos, componentes industriais e materiais de construção — o que aumenta a resiliência frente a oscilações nos grandes mercados globais.
Portos eficientes impulsionam as importações
Enquanto exportações avançaram, as importações catarinenses subiram ainda mais: 15,3% no primeiro trimestre. O total movimentado chegou a US$ 8,73 bilhões, frente aos US$ 7,56 bilhões do mesmo período de 2024. Santa Catarina segue como principal porta de entrada de insumos para a indústria do Sul e Sudeste do Brasil.
Com estrutura portuária ágil e competitiva, o estado absorve cargas de alta complexidade logística, como equipamentos eletrônicos, maquinário pesado e componentes industriais. A China aparece como maior parceira comercial, respondendo por 45% das importações, com destaque para semicondutores, tecidos e componentes elétricos.
Chile, Estados Unidos, Alemanha e Argentina completam o top 5 de fornecedores. O cobre chileno, polímeros americanos e motores alemães reforçam a dependência da indústria local por matéria-prima e tecnologia estrangeira — realidade que demanda políticas de inovação e substituição estratégica de importações em alguns segmentos.

Indústria diversificada e infraestrutura consolidam protagonismo
A performance do estado está diretamente ligada à diversidade produtiva e à capacidade logística integrada. Quase 200 destinos no mundo compraram produtos catarinenses nos três primeiros meses do ano. Isso só ocorre onde há sintonia entre produtividade, qualidade e logística.
Ao contrário de outras regiões que concentram suas exportações em commodities ou um único setor, Santa Catarina equilibra agricultura intensiva, transformação industrial e inovação tecnológica. As cadeias produtivas locais conectam pequenos produtores a indústrias robustas e centros de distribuição portuária.
Segundo o secretário estadual de Indústria, Comércio e Serviço, Silvio Dreveck, a economia catarinense responde com eficiência às exigências internacionais e se adapta a mudanças na demanda global. A presença de infraestrutura como o programa Estrada Boa e a recém-criada Secretaria de Portos fortalece a logística e reduz gargalos operacionais — fundamentos que sustentam o crescimento do comércio exterior no estado.
- Exportações de SC cresceram 7,6% no 1º trimestre de 2025, contra queda nacional de 0,5%
- Carne de frango e suína lideram faturamento, somando quase US$ 900 milhões
- Tabaco, madeira e máquinas industriais registram altas expressivas
- Diversificação geográfica compensa retração nos mercados dos EUA e China
- Importações aumentaram 15,3%, com destaque para semicondutores e cobre
- Portos catarinenses continuam entre os mais eficientes do país
- Estado exportou para quase 200 destinos no trimestre