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Fiscalização tenta conter farra do boi em áreas rurais

Policiais militares e técnicos da Cidasc percorreram propriedades em Governador Celso Ramos para coibir o transporte e a guarda irregular de bois. A medida integra a Operação Quaresma, que concentra ações preventivas para impedir a realização da prática conhecida como farra do boi.

A ação conjunta vem sendo intensificada com base em denúncias e no mapeamento de regiões com histórico de reincidência, sobretudo nas áreas de influência da cultura açoriana. As abordagens buscam antecipar possíveis ocorrências e aplicar penalidades previstas em lei antes que o crime se concretize.

Operação Quaresma foca na prevenção antecipada

Realizada anualmente durante o período da Quaresma, a operação não parte apenas de ações repressivas. As equipes do 24º Batalhão da Polícia Militar e da Cidasc adotam uma postura de vigilância ativa em locais onde há suspeita de abrigar animais sem registro sanitário.

Fiscalização tenta conter farra do boi em áreas rurais
Fiscalização da farra do boi intensificada com ação da PM e Cidasc durante a Operação Quaresma em SC.

A estratégia passa pela verificação documental, inspeção de currrais e averiguação de denúncias feitas por moradores. O foco recai sobre propriedades em áreas afastadas e em veículos de transporte, identificados pela possibilidade de deslocamento clandestino dos animais.

Essas medidas seguem o previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que considera crime qualquer forma de abuso ou maus-tratos a animais, além da Lei Estadual nº 17.902/2020, que define penalidades mais duras, inclusive para quem apenas divulga esse tipo de evento.

Multas atingem participantes e facilitadores

A legislação catarinense específica estabelece punições de até R$ 20 mil para quem organiza ou promove a farra do boi. Quem apenas participa ou facilita, seja transportando, cedendo o local ou vendendo os animais, pode ser multado em R$ 10 mil. No caso de reincidência, os valores dobram.

Não há distinção entre participação direta ou indireta. O proprietário do imóvel onde o boi é solto, mesmo que alegue não saber da prática, se responsabiliza pela presença do animal. O mesmo vale para donos de caminhões usados no transporte não autorizado.

Essas normas estaduais buscam preencher lacunas deixadas por legislações anteriores e ampliar a responsabilização. Segundo levantamento da Cidasc, a maioria dos casos notificados nos últimos três anos envolveu propriedades reincidentes em até dois anos após a primeira autuação.

Integração entre órgãos amplia alcance da fiscalização

A Operação Quaresma envolve diversos comandos da PM em Santa Catarina, abrangendo os territórios dos comandos regionais do 1º, 3º, 8º e 11º CRPM. Nessas regiões, historicamente associadas à presença cultural açoriana, existe maior probabilidade de ocorrências relacionadas à farra do boi.

O modelo de ação integrada, adotado pela Polícia Militar em parceria com a Cidasc e órgãos municipais de vigilância sanitária, permite otimizar recursos e distribuir o efetivo conforme o nível de risco.

Técnicos da Cidasc conferem se os bois estão registrados no sistema oficial de rastreabilidade animal, chamado SISBOV, e se há notas fiscais de compra ou transporte. A ausência desses documentos acende o alerta para possível desvio de finalidade ou risco de maus-tratos.

A prática é crime ambiental e fere o bem-estar animal

A farra do boi, proibida no Brasil, consiste em soltar um boi em uma comunidade para que seja perseguido e cercado por pessoas até a exaustão do animal. Organizações de proteção animal alertam que o sofrimento imposto durante essas ações causa lesões internas, fraturas e alto nível de estresse.

Estudos da Sociedade Mundial de Proteção Animal indicam que o estresse agudo em bovinos durante perseguições pode elevar em até 300% a liberação de cortisol, prejudicando órgãos vitais e causando alterações cardíacas e respiratórias severas. Os animais, por não conseguirem se defender ou fugir, entram em estado de pânico.

A legislação brasileira considera essa prática crime ambiental passível de detenção e multa. Mesmo sob alegações de manifestação cultural, o Supremo Tribunal Federal já julgou, em 2019, que a farra do boi não se enquadra como patrimônio cultural imaterial e deve ser combatida como violação à vida animal.

Denúncias auxiliam no mapeamento das ocorrências

Parte significativa das operações da PM depende do fluxo de denúncias feitas pela população. Canais como o telefone 190 e o aplicativo “PMSC Cidadão” funcionam de forma anônima e são essenciais para identificar movimentações suspeitas em regiões isoladas.

As informações mais relevantes incluem o deslocamento noturno de caminhões, presença de animais em locais improvisados e movimentação incomum de pessoas em áreas rurais. Cada alerta contribui para que a fiscalização seja direcionada com mais precisão.

Além do papel das forças policiais, o monitoramento social tem ajudado a reduzir casos registrados oficialmente. Em 2024, o número de autuações caiu 15% em relação ao ano anterior, segundo dados do Comando-Geral da PMSC, reflexo das ações coordenadas e do aumento da consciência coletiva sobre os impactos da prática.

  • Operação Quaresma ocorre durante a Quaresma e visa prevenir crimes antes que ocorram
  • Fiscalização inclui propriedades rurais e veículos suspeitos de transporte irregular
  • Multas podem chegar a R$ 20 mil e dobram em caso de reincidência
  • Farra do boi é considerada crime ambiental e fere leis federais e estaduais
  • Denúncias anônimas pelo 190 e app PMSC Cidadão ajudam nas ações preventivas

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