Florianópolis esteve entre os destaques da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada entre 6 e 9 de maio, em Brasília. Representantes da Secretaria de Educação e da Floram contribuíram com propostas para fortalecer a Educação Ambiental no país, com foco na cultura oceânica e no currículo azul.

O evento, que voltou a ocorrer após 11 anos, reuniu autoridades, especialistas e educadores de todo o Brasil para discutir ações frente à emergência climática. O município defendeu a criação de unidades estruturadas de ensino sobre os oceanos em todas as regiões.
Currículo azul como estratégia para o enfrentamento climático
A proposta defendida por Florianópolis prevê a institucionalização das Escolas do Mar como centros de apoio permanentes à educação ambiental. A ideia surge da constatação científica de que o oceano atua como principal regulador térmico do planeta, absorvendo cerca de 90% do excesso de calor gerado pelo efeito estufa.
Nesse contexto, a cultura oceânica passa a ser ferramenta estratégica para o enfrentamento das mudanças climáticas. A proposta submetida à conferência recomenda a inclusão do oceano como conteúdo transversal no ensino formal, destacando sua importância na manutenção da biodiversidade, regulação do clima e geração de soluções sustentáveis.

Educação e governança ambiental em pauta
As representantes da capital catarinense integraram o eixo “Governança e Educação Ambiental”. Hellen Rios, coordenadora da Escola do Mar, atuou no Grupo de Trabalho Educação Ambiental Formal, enquanto Vanessa Philippi Ceccoti e Maria Aparecida Cabral de Sá contribuíram com diretrizes para formação profissional e políticas públicas.
A atuação do grupo resultou na aprovação de uma moção de apelo à institucionalização de núcleos de educação ambiental. O documento sugere que municípios brasileiros contem com estruturas permanentes para apoiar a execução de currículos voltados à transformação ecológica, com base na ciência e no território local.

A importância da transversalidade da temática oceânica
Não basta tratar o oceano como um conteúdo isolado em disciplinas como geografia ou ciências. O entendimento atual defende que a cultura oceânica permeie todo o processo pedagógico, dialogando com história, artes, matemática e linguagem. A abordagem interdisciplinar favorece o pensamento crítico e a conexão entre os alunos e o ambiente marinho-costeiro.
Pesquisas como as do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertam para o papel vital dos mares na absorção de carbono e na regulação de eventos extremos. Por isso, especialistas defendem que a educação para a sustentabilidade incorpore esses dados com metodologia crítica e territorializada.

Floram e Escola do Mar como referências estaduais
A atuação conjunta da Secretaria de Educação e da Floram na conferência consolidou Florianópolis como referência em políticas ambientais educativas. Desde 2021, a Escola do Mar promove formações contínuas, saídas de campo e projetos de ciência cidadã voltados à realidade das escolas da rede municipal.
O trabalho ganhou relevância nacional ao apresentar resultados práticos que dialogam com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial os relacionados ao combate à mudança global do clima e à vida na água. Os projetos da Escola do Mar foram citados durante os grupos de trabalho como exemplos replicáveis em outras regiões do país.
Educação ambiental exige políticas públicas permanentes
Participantes da conferência defenderam que a educação ambiental não pode depender apenas de projetos isolados ou da boa vontade de gestões temporárias. A institucionalização de espaços e equipes técnicas é apontada como essencial para garantir continuidade, qualidade e legitimidade às ações educativas.
Além da moção aprovada, as propostas encaminhadas recomendam a inclusão de diretrizes de cultura oceânica nas políticas nacionais de educação. Para especialistas, esse é um passo necessário para que o Brasil cumpra seus compromissos climáticos e forme gerações capazes de lidar com os desafios ambientais do presente e do futuro.
• Florianópolis defendeu o currículo azul como resposta à crise climática
• Proposta inclui cultura oceânica como eixo transversal nas escolas
• Evento reuniu educadores, gestores e especialistas em Brasília
• Moção pede institucionalização de núcleos permanentes de educação ambiental
• Escola do Mar e Floram ganharam destaque como referências nacionais