Com um projeto-piloto instalado entre o Pântano do Sul e os Açores, a Prefeitura de Florianópolis testa um novo modelo de brinquedos ao ar livre. A iniciativa, que busca ampliar a oferta de experiências lúdicas e acessíveis, aposta em materiais simples e estruturas que exigem mais criatividade e interação dos usuários.
A proposta já chama atenção de moradores e especialistas por aliar baixo custo, sustentabilidade e estímulo físico em um mesmo espaço. A depender da aceitação local, o modelo poderá se espalhar por outras regiões da capital catarinense.

Circuito criativo desafia padrões de playgrounds urbanos
Sete estruturas construídas com madeira, cordas e metal compõem o novo circuito implantado junto ao campo do Pântano do Sul. Diferentemente dos playgrounds tradicionais, a proposta permite que crianças explorem percursos desafiadores que envolvem esforço físico, equilíbrio e coordenação motora.
Degraus, barras, rapel, escaladas e passagens com cordas integram o percurso. Os elementos visam estimular a autoconfiança dos participantes, promovendo um aprendizado mais profundo sobre os próprios limites corporais.
Conceito pedagógico e físico se unem no mesmo espaço
Ao propor uma brincadeira com desafios reais, o circuito incorpora fundamentos da psicomotricidade e da neuroeducação. Movimentos que exigem planejamento e controle corporal favorecem a ativação de áreas do cérebro ligadas à atenção, tomada de decisão e resposta sensório-motora.
Estudos da área de desenvolvimento infantil apontam que a combinação entre estímulo físico e liberdade criativa impacta positivamente o raciocínio lógico, a regulação emocional e a socialização. O uso de materiais rústicos reforça ainda uma conexão sensorial com o ambiente natural.

Projeto da engenharia pública quer mudar a paisagem lúdica
Responsável técnica por mais de 400 espaços públicos de lazer em Florianópolis, a engenheira Izabel Cristina de Jesus afirma que buscava há anos um formato diferente para os parques da cidade. A parceria com a empresa Satélite Construções permitiu a execução do circuito com materiais acessíveis e design exclusivo.
A proposta quebra o padrão cercado e excessivamente seguro dos playgrounds convencionais. O novo formato não exclui essas áreas, mas acrescenta um território de experimentação mais solto e interativo.

Aventura com propósito: riscos calculados e ganhos reais
Não se trata de oferecer perigo, mas de permitir risco controlado. Essa diferença é central para o conceito de “playground aventureiro”. A ideia é que as crianças enfrentem obstáculos que exigem coragem e persistência, dentro de um ambiente planejado para minimizar danos.
Ao mesmo tempo, essa abordagem reconhece o papel do erro como parte do aprendizado. Caiu? Tenta de novo. Não alcançou? Procura outro jeito. O circuito assume esse papel pedagógico sem parecer aula ou disciplina.
Expansão pode transformar relação da cidade com o brincar
O projeto-piloto já está sendo avaliado por técnicos, comunidade e educadores locais. Caso o retorno se mantenha positivo, outras áreas livres da cidade devem receber versões adaptadas do circuito. A proposta dialoga com demandas contemporâneas de urbanismo tático, lazer democrático e saúde integral.
Enquanto muitas cidades investem em equipamentos padronizados e caros, Florianópolis aposta em inovação funcional, baixo custo e inclusão. A iniciativa pode redesenhar o modo como o brincar ocupa os espaços urbanos.
- Circuito criativo testa novo modelo de brinquedo urbano em Florianópolis
- Estrutura mistura madeira, corda e metal com foco em desafios físicos e mentais
- Projeto valoriza liberdade, autoconhecimento e aprendizado motor
- Brinquedos não substituem playgrounds tradicionais, mas ampliam experiências
- Iniciativa tem baixo custo e poderá ser replicada em outras áreas públicas