R$ 15,8 milhões saíram dos cofres públicos direto para uma ONG instalada numa salinha de 40 metros quadrados no subsolo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A justificativa? Retirar 70 toneladas de lixo da Terra Yanomami. Isso mesmo, quase R$ 226 mil por tonelada, pago integralmente de forma antecipada, como se o Brasil fosse um modelo de eficiência.
O Brasil descambou em roubalheira no governo Lula. Enquanto se ouve discursos sobre miséria, fome e sustentabilidade, o dinheiro escorre para entidades presididas por velhos camaradas de partido, dentro de sindicatos históricos do PT. Isto só acontece por que há a certeza de impunidade.
Conluio com ONGs e sindicatos vira política de governo
Ninguém pode fingir surpresa. Essa ONG, a Unisol, é presidida por um ex-diretor do sindicato petista e tem entre seus chefes o atual vice-presidente da mesma entidade sindical. O contrato foi fechado com a Secretaria de Economia Popular e Solidária, comandada por Gilberto Carvalho, homem de confiança de Lula. Não se tratou de escolha técnica, mas de mais um capítulo no manual de aparelhamento estatal.

O convênio, firmado nos últimos dias de 2023 e pago de forma integral em 31 de dezembro, dispensa qualquer inocência sobre “emergência”. A ONG sequer começou o trabalho em campo. Passaram-se meses com “reuniões de planejamento”, enquanto a grana já está na conta.
ONG de 40m² fatura como multinacional
Na prática, o endereço da Unisol é o porão do sindicato. Não se sabe quantos funcionários tem, tampouco se possui estrutura para operar em território indígena. Mas venceu um edital do Ministério do Trabalho contra outras nove ONGs. Cinco foram eliminadas por nem apresentarem plano de trabalho. A vencedora, curiosamente, já estava entrosada com o governo. Uma coincidência que se repete como padrão.
O Brasil virou um palco de maracutaias com ONGs, sindicatos e artistas para desviar dinheiro dos cofres públicos. A ONG do sindicato está encarregada de subcontratar empresas de limpeza, jurídicos, contadores, e coordenadores — ou seja, ela mesma fará quase nada além de repassar. Uma operadora de contratos, não uma executora de ações.
Lula, sindicatos e os amigos do porão
Não se trata apenas de mais um contrato suspeito. O caso escancara a promiscuidade entre governo, partido e sindicalismo. O sindicato dos metalúrgicos do ABC é o berço político de Lula. Foi ali que ele fez carreira, discursou, resistiu à prisão e consolidou o domínio político sobre o PT. Agora, esse mesmo sindicato é fonte de uma ONG que recebe milhões em recursos federais.
O uso de ONGs como fachada para contratos milionários vem sendo uma tática recorrente. O governo se esconde atrás de “parcerias” e “ações emergenciais”, quando na verdade transfere dinheiro a aliados com pouquíssima fiscalização. O TCU já emitiu alertas sobre a fragilidade desses termos de fomento, mas nada mudou.
Desvio disfarçado de ação ambiental
O argumento ambiental serve como verniz. Fala-se em resíduos gerados por cestas básicas — plástico, embalagens, restos. Mas 70 toneladas não justificam tamanha fortuna. Especialistas em logística apontam que o transporte de uma tonelada de lixo em área remota pode custar caro, mas nunca nesta escala. O custo médio estimado por operações similares gira entre R$ 3 mil e R$ 5 mil por tonelada, segundo levantamento técnico da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES). Aqui, a conta supera os R$ 220 mil.
Quando se observa que o mesmo projeto pagará R$ 4,2 milhões a uma outra ONG — com sede em Brasília, também ligada ao PT — percebe-se o padrão. Basta ter o “selo partidário” para transformar o lixo alheio em fortuna pessoal. E o mais gritante: essa ONG menor recebeu apenas 40% do total até agora, enquanto a Unisol já embolsou tudo. Transparência zero.
Impunidade é a regra, não a exceção
O Ministério do Trabalho foi questionado sobre os critérios para antecipar o valor total a uma entidade e deixar outras a míngua. Nenhuma resposta. E se ninguém cobra, se ninguém fiscaliza, segue o baile da ladroagem institucional. A farra com verbas indígenas virou norma, e ninguém vai preso por isso. A certeza da impunidade é o maior motor desse modelo de gestão que Lula tanto defende.
Não se trata mais de corrupção eventual. É um sistema montado para desviar recursos sob pretextos nobres: povos indígenas, meio ambiente, combate à pobreza. Tudo vira desculpa para encher os bolsos dos camaradas. Enquanto isso, o povo rala por um salário mínimo, sem saber que financia ONGs em porões, contratos milionários e o eterno conluio entre governo e sindicato.