Dois filhotes de lontra (Lontra longicaudis) foram soltos na natureza no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, no sul de Florianópolis, no último dia 4 de junho. A ação marca mais um passo importante na conservação da espécie, considerada ameaçada, e resulta de uma parceria entre o Instituto Ekko Brasil/Projeto Lontra, o Grupo Oceanic e órgãos ambientais como IBAMA, IMA e Floram.
Os animais, um macho e uma fêmea com cerca de oito meses de vida, são filhos de Nanã, lontra resgatada ainda bebê em 2016. Após um período de convivência com a mãe em ambiente controlado, os filhotes foram considerados aptos à reintrodução na natureza, sendo preparados desde cedo para uma vida livre.
Lontras ameaçadas: um alerta para os ecossistemas
A espécie Lontra longicaudis está incluída na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), devido à redução populacional provocada por perda de habitat, poluição dos rios e caça ilegal. Sua presença é essencial para o equilíbrio ecológico dos ambientes aquáticos, onde atua como predadora de topo e indicadora da qualidade ambiental.

Projeto Lontra: compromisso com a preservação
Desde 1980, o Projeto Lontra atua na recuperação da espécie no Brasil. A Educadora Ambiental Elisa Brod Bacci, do Instituto Ekko Brasil, destaca a importância da soltura:
“A gente percebe que hoje há menos lontras na Lagoa do Peri do que há 20 anos. Nosso sonho é ver esses animais vivendo livremente em segurança.”
Maternidade natural em cativeiro
Nanã, a mãe dos filhotes, foi encontrada em estado crítico em 2016, tentando mamar na mãe morta por agressões. Sob cuidados especializados, sobreviveu e posteriormente deu à luz os dois filhotes após cruzamento com Lucky, outro animal resgatado. Segundo a médica veterinária Priscila Esteves, os filhotes foram criados pela própria mãe, sem contato direto com humanos, o que facilitou o desenvolvimento de habilidades essenciais à vida selvagem.
Soltura monitorada com tecnologia e cuidado
Após a reintrodução, os animais serão acompanhados por armadilhas fotográficas, observações de campo e rastreamento de vestígios como pegadas e fezes. A região da Lagoa do Peri já tem ao menos sete tocas naturais utilizadas por lontras, o que reforça seu potencial como área de refúgio e reprodução da espécie.

Conexão com a fauna local e corredores ecológicos
O monitoramento também abrange corredores ecológicos que conectam a Lagoa do Peri a outros fragmentos de vegetação. Caso os filhotes migrem naturalmente para outros territórios, o comportamento será visto como um indicador positivo de adaptação e vitalidade.
Área protegida fortalece o futuro da biodiversidade
Segundo Mariana Hennemann, chefe de Unidades de Conservação da Floram,
“A soltura representa o resultado de 44 anos de trabalho coletivo para garantir que a Lagoa do Peri seja um refúgio seguro para espécies sensíveis e ameaçadas.”
Bullets: Por que essa ação é importante
- 🦦 Lontras são espécies ameaçadas e indicadoras da qualidade ambiental
- 🌿 Reintrodução fortalece o ecossistema da Lagoa do Peri
- 👩⚕️ Filhotes foram preparados para viver livremente na natureza
- 📸 Monitoramento contínuo garante adaptação e segurança
- 🌍 Ações como essa contribuem para a conservação da biodiversidade brasileira