Polarização define o embate entre o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e o governo federal sobre a Via Mar. O projeto da rodovia estadual paralela à BR-101 ressurge como um ponto de confronto, com o governador desafiando a União e a concessionária Arteris ao afirmar que iniciará as obras antes que qualquer intervenção federal aconteça na rodovia federal.
A disputa coloca em cena não apenas uma questão de infraestrutura, mas uma estratégia política clara. Ao que tudo indica, Jorginho busca criar pontos de polêmica para fortalecer sua posição junto ao eleitorado de direita, mirando nas eleições de 2026. O desafio ocorre em um cenário onde a direita catarinense tem outro nome forte na disputa: o atual prefeito de Chapecó, João Rodrigues.
Polarização na infraestrutura: Via Mar contra a BR-101
O projeto da Via Mar prevê uma rodovia estadual de 145 quilômetros, ligando Joinville ao Contorno Viário de Biguaçu. A proposta foi lançada no governo de Carlos Moisés, mas ganhou impulso com Jorginho Mello, que assinou a ordem de serviço para estudos de engenharia. O governo estadual promete dar início às obras antes que o governo federal e a Arteris concluam acordos para melhorias na BR-101 Norte.

A polêmica se intensifica porque o contrato de concessão da BR-101 vence em 2023 e está em renegociação para ampliação por mais 15 anos. A discussão inclui novos investimentos, mas depende da aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU). O governo estadual usa esse impasse como argumento para impulsionar a Via Mar.
Impactos econômicos e técnicos do projeto
A nova rodovia tem potencial para reduzir o fluxo na BR-101 Norte, trecho conhecido pelos congestionamentos diários entre Porto Belo e Balneário Piçarras. Segundo dados do DNIT, esse segmento recebe mais de 50 mil veículos por dia. Alternativas viáveis são necessárias, mas especialistas alertam para desafios ambientais e custos elevados.
O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) estima que a Via Mar demandará um investimento bilionário. Parte dos recursos poderia vir de parcerias público-privadas, mas o modelo de financiamento ainda não está definido. Especialistas indicam que rodovias paralelas precisam de planejamento de integração com outras vias e infraestrutura urbana para evitar novos gargalos.
A disputa política por protagonismo em 2026
O posicionamento do governador Jorginho Mello no caso da Via Mar vai além da infraestrutura. O tom desafiador contra o governo federal e a Arteris alimenta uma estratégia de polarização, característica das recentes disputas eleitorais.
Com a eleição estadual de 2026 no horizonte, Jorginho busca consolidar sua imagem como um líder da direita catarinense. No entanto, enfrenta a presença de João Rodrigues, prefeito de Chapecó, que também desponta como nome forte para a disputa. A retórica confrontativa pode ser um movimento para reforçar seu espaço entre o eleitorado conservador do estado.
Desafios e próximos passos para a Via Mar
A promessa de iniciar as obras antes da BR-101 pode esbarrar em questões burocráticas e financeiras. O licenciamento ambiental, por exemplo, representa um obstáculo complexo, especialmente em uma região com áreas de preservação. A necessidade de desapropriações também deve ser considerada, pois impacta os prazos de execução.
A disputa pelo protagonismo na infraestrutura de Santa Catarina segue atrelada às movimentações políticas e pode influenciar decisivamente o cenário eleitoral de 2026. Enquanto o governo estadual promete celeridade, a execução real da Via Mar ainda depende de avanços concretos na viabilidade do projeto.
Balanço:
- Fugindo ao seu estilo, o governador Jorginho Mello desafia o governo federal sobre a Via Mar.
- A nova rodovia estadual prevê 145 km paralelos à BR-101 para aliviar o trânsito no Norte de SC.
- Obras na BR-101 dependem da renegociação da concessão com a Arteris e do aval do TCU.
- Estudos indicam que a Via Mar precisará de alto investimento e enfrentará desafios ambientais.
- Jorginho usa o projeto para fortalecer sua base política antes das eleições de 2026.
- O prefeito de Chapecó, João Rodrigues, aparece como outro nome forte da direita catarinense.

Texto:
Rogerio Schneider
Editor do Expresso News