Milhares de móveis, colchões e eletrodomésticos abandonados nas ruas de São José se transformaram em um problema de grandes proporções. O impacto visual nas vias, a ameaça à saúde pública e o desperdício de recursos públicos geram uma conta milionária, arcada mensalmente pelos cofres municipais.
A operação de limpeza, que conta com equipes dedicadas e caminhões circulando diariamente, virou rotina. Mesmo com alternativas gratuitas para o descarte correto, moradores seguem deixando resíduos em locais inadequados. Entender os bastidores desse problema ajuda a dimensionar o tamanho do prejuízo coletivo.
Descarte irregular sobrecarrega orçamento público
Mais de R$ 5,8 milhões devem ser consumidos até o fim do ano com o recolhimento de móveis largados nas ruas de São José. A Secretaria de Infraestrutura mobiliza sete caminhões com motoristas e ajudantes, numa rotina que inclui mutirões diários em bairros mais afetados. Somente entre janeiro e março, foram registradas 330 viagens para recolher resíduos volumosos.

Esse cenário amplia a necessidade de investimentos em mão de obra, combustível e manutenção de frota. Os gastos, previstos inicialmente para obras e manutenção urbana, acabam redirecionados para a retirada de materiais abandonados. Isso compromete o orçamento e reduz a capacidade de resposta da cidade em outras frentes.
Riscos sanitários e impacto ambiental
O abandono de sofás, colchões e eletrodomésticos em vias públicas não interfere apenas na paisagem urbana. Esses objetos acumulam água e viram criadouros de mosquitos transmissores de doenças, como o Aedes aegypti. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que a dengue pode proliferar mesmo em pequenas quantidades de água parada.
Além disso, materiais como madeira tratada e tecidos úmidos servem de abrigo para roedores e baratas. A contaminação do solo e o entupimento de bueiros completam a lista de prejuízos ambientais causados por essa prática. Mesmo em regiões asfaltadas, o descarte irregular favorece enchentes e deteriora o pavimento urbano.
Alternativas de descarte estão disponíveis
A cidade de São José oferece serviços públicos para evitar o abandono desses resíduos. O agendamento de coleta pode ser feito pela Ouvidoria da Prefeitura, sem qualquer custo ao morador. A coleta funciona das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. Há também três ecopontos para entrega voluntária de resíduos volumosos.
O Ponto de Entrega Voluntária (PEV), situado no bairro Potecas, recebe materiais de segunda a sábado. Os demais pontos ficam na Beira-Mar e na Rua Princesa Isabel, em Forquilhas. Nesses locais, qualquer morador pode entregar móveis antigos, colchões e pequenos eletrodomésticos, respeitando os horários de funcionamento.
Empresa Ambiental reforça o atendimento
Responsável pela coleta urbana, a empresa Ambiental mantém um canal de atendimento direto para recolhimento de volumosos. O serviço, incluído na Tarifa de Limpeza Urbana (TLU), deve ser solicitado por telefone e segue um prazo médio de até 10 dias úteis. A empresa organiza rotas específicas conforme a demanda e a urgência das solicitações.
Durante períodos de chuvas intensas ou alagamentos, a demanda cresce e pode alterar o cronograma. Para garantir a coleta, os moradores precisam posicionar os itens na calçada no dia do agendamento. As equipes não estão autorizadas a entrar em terrenos ou residências, o que exige cooperação da população.
Conscientização segue como maior desafio
Mesmo com serviços acessíveis e gratuitos, o volume de descarte irregular permanece elevado. Isso reforça a necessidade de campanhas educativas e punições mais efetivas. Segundo o secretário de Infraestrutura, Nardi Arruda, o problema não se resolve apenas com mutirões, mas com envolvimento da sociedade.
A cultura do descarte inconsequente se mistura com a desinformação e a falta de engajamento coletivo. A negligência individual gera consequências amplas e onera toda a população. Fortalecer a consciência ambiental exige esforço contínuo em escolas, associações de bairro e ações integradas com outros setores públicos.
Infração prevista em lei ambiental
O abandono de móveis e eletrodomésticos em áreas públicas configura crime ambiental. A Lei Federal nº 9.605/1998 prevê punições que vão de multa até reclusão. Em São José, a fiscalização aplica penalidades a infratores, embora a identificação dos responsáveis nem sempre seja possível.
Materiais de construção civil — como restos de demolição, telhas e latas de tinta — não se enquadram como resíduos volumosos. Esses devem ser descartados por empresas especializadas, conforme orientação do município. O despejo desses itens em terrenos baldios representa infração grave e recorrente.
Município segue reforçando estrutura
Mesmo diante das dificuldades, a prefeitura segue investindo em estrutura e pessoal. A equipe de limpeza urbana atua diariamente, com cronogramas ajustados conforme os bairros mais afetados. Em paralelo, campanhas educativas e ações de fiscalização vêm sendo intensificadas.
A meta é reduzir o volume de resíduos abandonados e racionalizar os gastos com limpeza. O poder público aposta na soma de três pilares: oferta de serviço, fiscalização ativa e educação ambiental. Mas sem a adesão da população, o problema tende a persistir e pressionar ainda mais os cofres públicos.
- Custo mensal com recolhimento de móveis passa de R$ 491 mil
- Somente no 1º trimestre, foram 1.465 toneladas recolhidas
- Agendamento de coleta pode ser feito gratuitamente por telefone
- Ecopontos em Potecas, Beira-Mar e Forquilhas recebem os materiais
- Lei Federal prevê multa e reclusão para descarte irregular
- Serviço da empresa Ambiental atende por telefone com prazo de até 10 dias
- Materiais devem ser deixados na calçada no dia do recolhimento agendado