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Suprema Corte dos EUA barra recontratações de demitidos por Trump

A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos paralisou a reincorporação de milhares de funcionários federais dispensados ainda no período de experiência. A medida vinha sendo questionada por organizações da sociedade civil, mas os ministros consideraram que essas entidades não tinham legitimidade jurídica para levar o caso adiante.

O caso reabre discussões sobre os limites da atuação judicial e os poderes presidenciais sobre a máquina pública. O governo Trump já acumula vitórias na Suprema Corte, consolidando uma linha dura contra servidores e migrantes com respaldo da maioria conservadora do tribunal.

Suspensão da ordem judicial reacende disputa sobre poder executivo

O litígio começou após demissões em massa promovidas por agências federais desde janeiro, quando Donald Trump reassumiu a presidência. A ofensiva atingiu servidores em período de experiência sob a justificativa de “baixo rendimento”. A decisão do juiz federal William Alsup, da Califórnia, obrigava seis agências — entre elas Defesa, Tesouro e Agricultura — a recontratar 16 mil funcionários dispensados.

Alsup qualificou os desligamentos como uma “farsa administrativa” e atribuiu motivação política às dispensas. No entanto, a Suprema Corte, em decisão por sete votos a dois, determinou a suspensão imediata da ordem de recontratação. A justificativa girou em torno da ausência de legitimidade jurídica das ONGs que ingressaram com a ação.

Suprema Corte dos EUA barra recontratações de demitidos por Trump
Suprema Corte dos EUA suspende ordem que obrigava governo a recontratar 16 mil servidores federais demitidos por Trump

Decisão destaca impasse sobre legitimidade das ONGs

A maioria dos ministros entendeu que as organizações não-governamentais que acionaram a Justiça não foram diretamente lesadas e, portanto, não poderiam exigir medidas corretivas em nome dos servidores afetados. As entidades alegavam interesse coletivo na proteção do serviço público, mas a Corte avaliou que isso não bastaria para justificar a ação.

O juiz relator destacou que a legislação atual exige comprovação de prejuízo direto ou envolvimento específico no caso para validar o direito de representação judicial. Sem isso, a ação perde sustentação jurídica, mesmo que levante questões relevantes à sociedade. A restrição imposta pela Suprema Corte pode impactar outras causas coletivas envolvendo o funcionalismo.

Corte mantém maioria conservadora alinhada ao governo

A composição da Suprema Corte dos EUA tem hoje seis ministros indicados por presidentes republicanos. Esse perfil se reflete nas recentes decisões favoráveis à Casa Branca, incluindo outra vitória judicial registrada no dia anterior à suspensão das recontratações. Na ocasião, o tribunal autorizou o uso da Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, para a deportação de migrantes venezuelanos, revertendo liminar anterior de um tribunal inferior.

Esse contexto vem consolidando uma jurisprudência mais rígida em relação a temas migratórios e à estrutura estatal. A secretária de imprensa do governo, Karoline Leavitt, classificou a decisão como “uma vitória contundente” e reforçou o discurso da Casa Branca contra o que chamou de “ativismo judicial” nos tribunais de instâncias inferiores.

Especialistas apontam risco de precedentes para causas coletivas

Juristas e analistas constitucionais expressaram preocupação com os possíveis impactos da decisão sobre o futuro de ações judiciais movidas por entidades civis. O professor Mark Tushnet, da Universidade de Harvard, alertou que limitar a atuação de ONGs em casos de interesse público enfraquece o papel de fiscalização exercido pela sociedade civil.

Do ponto de vista técnico, a decisão reafirma a interpretação restritiva do princípio de “standing” — ou seja, a necessidade de comprovação de interesse direto para propor ações judiciais. Essa exigência, embora prevista na legislação, tende a dificultar a atuação de grupos organizados em defesa de causas coletivas, especialmente quando os próprios afetados temem retaliações ou enfrentam barreiras institucionais.

Reações divididas acentuam clima de polarização jurídica

Enquanto setores conservadores comemoram a medida como um reforço à autoridade presidencial, entidades de trabalhadores e defensores do serviço público denunciam perseguição política e erosão das garantias institucionais. A decisão da Suprema Corte, ao barrar temporariamente a recontratação, evita um efeito imediato, mas mantém em aberto a disputa sobre a legalidade das demissões.

Sonia Sotomayor e Ketanji Brown Jackson, as duas ministras que votaram contra a suspensão da ordem de Alsup, ressaltaram o impacto humano das dispensas e a urgência de uma solução definitiva. A controvérsia segue em tramitação judicial e deve permanecer no centro das atenções enquanto Trump avança com sua agenda de redução do funcionalismo.

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