Parece piada, mas não é. Lula beira o ridículo. Tentando reagir à percepção da população de que governo e organizações criminosas estão macomunados, Lula sugere uma medida patética de enviar mensagens para os celulares que se encontram em poder de meliantes para que os mesmos sejam devolvidos.
Embevecidos e entorpecidos pelo poder, o governo cria programas que jamais terão qualquer eficácia, como o “Celular Seguro”. Petistas e seus marqueteiros vão se preparando para ter conteúdo para propagandas eleitorais que visam criar narrativas e enganar a massa de telespectadores ignorantes, desavisados e influenciáveis na próxima eleição.
A nova funcionalidade do programa Celular Seguro promete bloquear dispositivos roubados e, de brinde, oferecer um puxão de orelha digital para quem estiver usando um aparelho furtado. Se não bastasse a ineficiência histórica de medidas semelhantes, ainda há o detalhe de que criminosos costumam não ser muito adeptos da devolução voluntária.

Como funciona o novo bloqueio do Celular Seguro?
Diz o governo que agora, quando um celular roubado receber um novo chip, o sistema identificará o aparelho pelo IMEI e enviará uma mensagem ao novo “proprietário”. Nessa mensagem, virá a ordem para que o dispositivo seja devolvido. O bloqueio também será aplicado aos aplicativos financeiros e à linha telefônica, dificultando a vida de quem tentar usar um telefone roubado.
A tecnologia é baseada na integração de dados entre operadoras e a Anatel, um conceito que até parece promissor. Mas há uma falha gritante: criminosos com um mínimo de esperteza podem simplesmente desbloquear o aparelho ou vendê-lo para fora do país, onde a restrição não tem efeito. A pergunta que fica é: os bandidos estão com medo do zap do governo?
O que acontece se o celular não for devolvido?
Se a mensagem for ignorada, o novo usuário do aparelho pode ser investigado por receptação e até mesmo por roubo. No papel, isso significa que o governo quer criminalizar qualquer um que estiver de posse de um celular roubado, mesmo que não saiba da procedência duvidosa do aparelho.
O que não fica claro é como essa identificação será feita. Se um celular passar por várias mãos, todos os donos serão investigados? E como o sistema vai diferenciar um aparelho roubado de um que foi comprado de boa-fé? Enquanto essas perguntas ficam sem resposta, cresce a preocupação de que inocentes sejam punidos enquanto os verdadeiros criminosos seguem lucrando.
A idéia funciona na prática?
O bloqueio de IMEI é uma ferramenta útil, mas sua eficácia depende de um combate mais amplo ao crime organizado. Celulares roubados continuam sendo desmontados e revendidos como peças, um mercado que segue sem controle. O caminho para reduzir os roubos passa por fiscalização rigorosa, punições mais duras e rastreamento eficaz das transações ilegais.
Além disso, o Brasil carece de políticas públicas que ataquem a raiz do problema: a impunidade e a falta de investimentos em segurança. Enquanto criminosos continuarem vendo vantagem em roubar celulares, qualquer medida que não envolva repressão efetiva será só mais uma tentativa frustrada de “resolver” o problema sem mexer na sua origem.

Texto:
Rogerio Schneider
Editor do Expresso News