Santa Catarina vem protagonizando um desempenho fora da curva no comércio varejista. Em fevereiro, as vendas saltaram 2,5%, o maior índice mensal desde janeiro de 2023, segundo o IBGE. A taxa estadual superou com folga a média nacional de 0,5% e reforçou o posicionamento do estado como um dos motores do consumo no Brasil.
A força do setor foi impulsionada especialmente pelas vendas de vestuário, artigos para o lar e pela presença expressiva de turistas no verão. Mesmo com cenário de juros altos e inflação resistente, o comércio catarinense manteve vigor e descolou-se do ritmo lento observado em outras regiões.
Desempenho de Santa Catarina em destaque
Santa Catarina figurou entre os cinco estados com maior avanço no varejo em fevereiro, apontando resiliência em meio a um ambiente macroeconômico pouco favorável. O crescimento de 2,5% nas vendas com ajuste sazonal ultrapassou a marca de todos os meses anteriores desde o início de 2023.

Na comparação anual, o salto foi ainda mais expressivo: 5,9% frente a fevereiro de 2023, quase quatro vezes a média nacional. O estado não apenas cresceu mais, mas também sustentou um ritmo consistente, mesmo com a cautela dos comerciantes diante das incertezas econômicas.
Segmentos que impulsionaram os números
Dois setores puxaram a recuperação com vigor: artigos de uso pessoal e doméstico, com 26% de aumento, e vestuário e calçados, que avançaram 16%. O desempenho reflete o fortalecimento da demanda interna combinada com a movimentação turística durante o verão.
Os dados da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) indicam que esses segmentos ganharam fôlego tanto nas regiões litorâneas quanto nos centros urbanos, sinalizando um comportamento de consumo mais aquecido do que o esperado para o período.
Impacto do turismo argentino no litoral
Com a temporada de verão aquecida, o fluxo de turistas estrangeiros, especialmente da Argentina, teve papel decisivo. Municípios como Balneário Camboriú, Florianópolis e Bombinhas registraram movimentações intensas no comércio local, segundo avaliação da Fecomércio SC.
Esse fenômeno influenciou diretamente as vendas de roupas, calçados e souvenires, aquecendo a economia regional. O turismo de compras voltou a ganhar força e serviu como catalisador para um primeiro trimestre mais dinâmico.
Pressões macroeconômicas persistem
Apesar do bom desempenho, o cenário não oferece tranquilidade. A taxa Selic elevada e a inflação ainda resistente limitam o poder de compra e exigem estratégias mais cuidadosas por parte dos varejistas.
Economistas apontam que a manutenção da taxa básica de juros em patamares elevados tem reduzido o apetite por crédito, enquanto o custo de insumos segue pressionando margens. Ainda assim, Santa Catarina vem conseguindo neutralizar parte desses efeitos com inovação e reposicionamento comercial.
Varejo ampliado mostra sinais mais contidos
Quando considerados os dados do varejo ampliado, que inclui vendas de veículos, materiais de construção e atacado, o crescimento foi modesto: 0,2% em fevereiro. Mesmo com ritmo menor, o estado evitou a retração registrada no restante do país, onde o recuo foi de 0,4%.
No acumulado de 2024, o crescimento do varejo ampliado em SC já atinge 6,7%. Os dados demonstram que, ainda que segmentos mais sensíveis a crédito avancem lentamente, a base do comércio varejista mantém tração positiva.
Adaptação estratégica dos comerciantes
O presidente da Fecomércio SC, Hélio Dagnoni, destacou que os lojistas estão mais atentos, adotando estratégias conservadoras, mas com foco na eficiência e em novas oportunidades. Mesmo com prudência, os resultados surpreenderam positivamente.
Segundo Dagnoni, a capacidade de adaptação diante das pressões econômicas tem sido essencial. A aposta em promoções estratégicas, reforço no atendimento e uso de canais digitais colaborou para manter o fôlego de vendas.
Dados técnicos sustentam otimismo
Estudos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) já vinham antecipando que Santa Catarina possui um dos ambientes mais estáveis para o comércio varejista no país. O estado combina baixa taxa de informalidade, boa infraestrutura logística e elevada escolaridade média da força de trabalho.
Esse conjunto de fatores tem proporcionado ao comércio local uma base sólida para crescimento, mesmo sob pressões conjunturais. O avanço em inovação, atendimento e gestão de estoques tem sido apontado como diferencial competitivo.
Expectativas para os próximos meses
Ainda não há consenso sobre a sustentação dos índices nos próximos trimestres, mas a perspectiva de manutenção da atratividade turística e o calendário de eventos regionais pode manter o consumo aquecido.
O monitoramento constante dos indicadores econômicos será essencial. O setor empresarial permanece atento a possíveis inflexões no cenário externo e a decisões da política monetária nacional que possam impactar diretamente o varejo.
- Vendas no varejo de SC cresceram 2,5% em fevereiro, o maior índice desde janeiro de 2023
- Crescimento anual foi de 5,9%, quatro vezes superior à média nacional
- Segmentos de vestuário e artigos domésticos lideraram com altas de até 26%
- Turismo argentino impulsionou comércio nas cidades litorâneas
- Varejo ampliado avançou 0,2%, apesar de retração no restante do país
- Comerciantes adotaram estratégias cautelosas e eficientes
- Dados da FGV apontam SC como ambiente estável para o varejo
- Expectativa de manutenção do desempenho com base em eventos e turismo